quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Empreender com Asas





Empreender e Fazer acontecer
3,5 Passos para Transformar uma Ideia em Dinheiro / Resultados

Antes de falar de empreendorismo parece-me pertinente deixar uma opinião muito pessoal sobre a capacidade de cada um para empreender. Ao longo dos vividos anos da minha vida como empreendedor conheci e desenvolvi amizades profundas com vários tipos de pessoas de vários extratos sociais, umas com tanto dinheiro que não o sabem quantificar outras que nem têm um lar, umas muito simpáticas e outras menos afáveis, umas com gosto e outras com gostos diferentes dos meus, umas com negócios muito bem sucedidos outras que continuam à procura do seu sucesso, umas que sabem como fazer dinheiro outras que nem sabem como o fazem e outras ainda que passam uma vida inteira a querer fazer dinheiro com um negócio e que, por não terem coragem, vão continuar a pensar nisso a vida toda, se por um lado acredito já ter convivido com muitas pessoas continuo a aprender que cada ano que passa ainda aprendo a conhecer mais tipos e realidades novas. Tenho apenas uma convicção é que todo o ser humano empreende várias vezes na vida sem ter consciência disso mesmo e os que não empreendem mais é apenas porque vivem valores próprios que os impedem de empreender a dada altura das suas vidas, o que normalmente acontece também é que esses valores estão “presos” a uma raiz muito profunda de medos que por sua vez são impostos pela família e maioritariamente pela sociedade. Chamo-lhe o “TAE (Triângulo de Amarras ao Empreendorismo)”. Este triângulo é uma realidade que todos os seres humanos detêm ou seja é apenas este factor que impede uma pessoa de ser empreendedora, seja em negócios ou em outra situação pessoal. O que quero dizer com isto é que todos temos capacidade de empreender mas só não o fazemos devido a um ou mais destes factores.

O que é empreender?
Na minha opinião, Empreender é a capacidade de pôr em prática uma ideia. Embora pareça um conceito simplista, o que na minha opinião até é, para algumas pessoas não o é, pois se é verdade que ter uma ideia e pôr em prática não parece nada complicado, algumas ideias passam a vida na cabeça de uma pessoa sem nenhuma actividade prática para que ela seja uma realidade. É precisamente por isso que o empreendorismo é tão complexo para tantos de nós.
É por isso que para se empreender tem obrigatoriamente que acontecer 3,5 passos.

1º Passo: Ideia

Todos temos ideias. Numa das muitas pesquisas que faço na minha atividade li um artigo que dizia que todas as pessoas têm milhões de boas ideias durante a sua vida e que todos os dias um ser humano tem a capacidade de produzir ideias que ainda ninguém teve a capacidade de pôr em prática, ou seja, são ideias que ainda ninguém teve a coragem de as pôr em prática e assim vão continuar até alguém entrar em ação. Uma ideia pode ser apenas a de abrir um negocio igual ao de alguém que conhecemos que está a ser bem sucedido ou até abrir um negocio que ainda ninguém abriu. Na minha opinião o risco de serem bem sucedidos é precisamente igual, pois se o primeiro parece mais fácil porque já existe na realidade não o é pois a pessoa que conseguiu pôr em prática o primeiro não é a mesma que vai pôr em prática a réplica e apenas por este facto os resultados podem ser completamente diferentes. Quanto ao negocio que ainda ninguém abriu é desafiante pelo facto que ainda ninguém foi bem sucedido com essa ideia o que pode afastar muitas pessoas de querer coloca-lo em prática pois aí o “TAE” tem um poder maior principalmente no vector MEDO.

Somos aquilo que queremos ser ou somos aquilo que outros  querem?

Esta é uma questão que todos aqueles que pensam deixar uma marca neste mundo deveriam colocar-se a si próprios várias vezes na vida. Quando digo várias vezes diria pelo menos uma vez na vida, ou para outros uma vez por ano. Para aqueles que já decidiram deixar a sua marca neste mundo, ou pegada como algumas pessoas lhe chamam, têm obrigatoriamente que o fazer mais que uma vez por semana ou mesmo por dia.

Vou agora mostrar-lhe como todos nascemos empreendedores e durante a vida vamos sendo influenciados a ser cada vez menos.

Desde que nascemos passamos várias fazes na vida. Até aos 3 ou 4 anos de idade incubamos a nossa identidade que “bebemos” dos nossos pais ou de quem trata de nós durante este período, como os cheiros que nos rodeiam, o conforto ou desconforto, as cores, o bem ou o mal, o correto e o incorreto, o carinho, ajudar o próximo e é após criarmos alguma estrutura de base que começamos a construir os nossos pilares mais importantes para a nossa vida, a esses pilares eu chamo de “Valores”, como o Respeito, o compromisso, a responsabilidade, a entreajuda  e é com base nesses valores que começamos a ter ideias próprias, como querer ser um bombeiro ou ir à lua e são essas mesmas ideias próprias que nos criam a vontade e a ambição. Neste período da nossa vida existem poucas barreiras ou dificuldades percepcionadas e a facilidade para as alcançar ocupa a maior parte dos nossos pensamentos em alguns casos a totalidade dos nossos pensamentos. Uma coisa é certa, nesta altura da nossa vida tudo é possível realizar e alcançar e a força interior é tão forte que estamos dispostos a dizer a toda a gente o que queremos com uma convicção tal que o mundo à nossa volta, nomeadamente os pais e familiares, se mobiliza para nos realizar e embora a ida à lua continue a acompanhar-nos nos anos seguintes, a sensação de ser bombeiro até pode acontecer porque o “tio Zé” conhece o comandante lá do quartel da vila e até combina tudo para nós visitarmos as instalações e entrar naqueles camiões com umas luzes vermelhas e com sorte sem ninguém ver até tocamos na sirene de emergência com um capacete que até dava para duas cabeças como as nossas mas é o suficiente para realizar um sonho e ficar a sentir que fomos bombeiros durante quase um mês ocupando parte do nosso discurso com amigos e família, ocupando parte dos nossos sonhos noturnos e tudo isto se vai refletir no nosso comportamento exibindo sorrisos maravilhosos e sinceros durante alguns segundos, minutos, horas e até numa vida, pois estas experiências acompanham-nos para o resto da vida. É precisamente nesta altura da nossa vida que começamos a saber ser felizes ou infelizes. É a partir daqui que começamos a criar vontades próprias, sonhos, e objectivos e é aqui também que começamos a procurar estratégias para as alcançar e se por um lado os nossos pais partem de principio que nós não temos capacidade para alcançar, nos ajudam a alcançar os nossos sonhos, assumindo o papel de facilitadores no processo, é também nesta altura que começamos a perceber que, se os nossos pais não concordarem com aquilo que queremos alcançar e não nos ajudarem, começamos a sentir-nos infelizes e não compreendidos pelo mundo que nos rodeia. É nesta altura que começamos a desenvolver a nossa personalidade e é aqui que começamos a criar comportamentos que, embora sejam baseados naquilo que “bebemos” dos nossos pais, também começam a ser o reflexo daquilo que estamos despostos a fazer para alcançar tudo aquilo que nos propomos, desejamos ou queremos alcançar. Quantos de nós já tiveram a sensação de fazer uma coisa às escondidas dos nossos pais para conseguirmos alguma coisa que eles não gostam ou não querem que façamos? Como por exemplo comer 3 chocolates em vez de apenas um, ou ir a uma discoteca e dizer que estivemos em casa de uns amigos a jogar ás cartas e afinal o que aconteceu foi apenas cortar umas “amarras” que nos prendem àquilo que os outros querem que façamos para  viver um pouco aquilo que queremos viver. Quantos de nós já sentiram o nervosismo de estar apenas por nossa conta a pensar nas estratégias que temos que fazer para conseguir aquilo que não nos deixam? Depois sentir o gozo que nos dá por temos vivido uma nova sensação na nossa vida testando o sabor da adrenalina a percorrer o nosso corpo de forma única e daí retirar o que tem de tanto valor para um ser humano que são as aprendizagens. Quando falo de aprendizagens estou obviamente a referir-me a tudo o que retiramos destes momentos, que, na minha opinião, são todas boas e não estou a referir-me apenas àquelas que nos deixam boas emoções porque nos trouxeram aquilo que esperávamos delas ou mais, mas também àquelas que nos trazem frustração ou angustia ou até aquilo que nos disseram que ia trazer mas não acreditámos. Acredito sim que desde bem  novos aprendemos que a vida é feita de desafios e aprendizagens com as quais vamos tendo a bússola para nos orientar naquilo que vamos querendo no caminho que queremos percorrer e que vamos percorrendo. No entanto existe um factor fundamental para ter aprendizagens e esse factor começa sempre com um sonho e a ambição de conseguir-mos viver uma vida dentro de cada um de nós, pois se não tivermos essa ambição e essa vontade interior seremos sempre um resultado da vontade interior de outros. Não posso deixar de me lembrar da quantidade de casos de amigos e familiares que tenho acompanhado na vida que foram tirar uma licenciatura na qual não se sentiam realizados, como serem médicos quando na realidade queriam ser veterinários ou serem advogados quando na realidade e na sua essência tudo lhes dizia que deveriam ser alguém ligados ao mundo saudável e do desporto. Conheço muitas pessoas que abandonaram os seus cursos a meio para seguirem finalmente aquilo que queriam, deixando tudo para trás e começando tudo de novo enfrentando mais desafios pois a partir desse momento já levam a carga de uma sociedade e dos pais que queriam que eles fossem outra coisa que assumidamente não vão ser por decisão própria que normalmente é tomada após profundas reflecções e pensamentos próprios iguais àqueles  que tínhamos quando em pequenos dizíamos que apenas um chocolate não chegava ou que ir à discoteca é que era bom e realizador, embora para lá chegar tínhamos que ir contra a uma série de correntes que nos moviam numa outra direção. São precisamente estas correntes que nos aproximam ou afastam dos caminhos e das ideias que defendemos.

Os 8 pilares de uma Ideia empreendedora

Para se colocar uma ideia em prática tem que existir um conjunto de forças que potenciam a ação.
A primeira grande força é sem dúvida o sonho, pois sem ele não existe foco. Tudo o que fazemos tem que ter um fim em vista, caso contrário não sabemos o que temos realmente que fazer. Em tudo o que fazemos temos que encontrar alguma motivação para seguir o nosso caminho e esse caminho tem que ter um destino. A Segunda grande força é a Ambição, mais uma vez esta não existe sem haver um sonho, por outro lado é esta que nos canaliza para a ação. Associada a esta segunda está a terceira que é Acreditar, sendo esta talvez a mais importante de todas as forças, pois eu posso ter um sonho e ambição para o alcançar, mas se entretanto não acreditar que sou capaz de o pôr em prática o mais provável é não passar de apenas um Sonho. As Convicções Fortes são resultado das Crenças e são elas a Quarta força mais importante. Normalmente uma Convicção só acontece quando a ideia está bem estruturada.  A quinta força é Paixão pode ser o resultado das quatro anteriores. A paixão é a única formula que conheço que faz qualquer pessoa ultrapassar  os mais sérios desafios, pois sem ela estar suficientemente “regada” os mais pequenos desafios serão suficientes para desistir imediatamente. A sexta força é o Crescimento pois a evolução pessoal tem que ser uma decisão de vida para qualquer empreendedor. Quando se fala de crescimento não se pode pensar primeiro no dinheiro mas sim nas aprendizagens que se têm desde o primeiro dia que se decide correr atrás de um sonho. A sétima força é a Realização. A felicidade de um ser humano depende muito da sua realização pessoal é por isso fundamental para a motivaçãoo de qualquer empreendedor para que este possa sentir-se bem e inspirar quem o acompanha no seu caminho. A oitava força é a única que é chave para o processo, chama-se Acção, pois sem ele existir a ideia não passa disso mesmo. Devemos sempre fazer estas perguntas a nós próprios: O que vai ter que acontecer para que isto aconteça? O que me pode impedir que isto aconteça? O que vou fazer para que nada me impeça? Quem pode sofrer com esta decisão e o que estou disposto a fazer para minimizar os impactos negativos?

2º Passo: Preparação

À muito que percebi que por mais que seja uma pessoa focada na ação, a falta de preparação tem-me custado muito dinheiro. Não é por acaso que os planos existem e que quem os tem normalmente tem o processo controlado, também não é por acaso que a preparação física de um Cristiano Ronaldo para um jogo ao Domingo é feita 7 dias antes com treinos específicos para que no domingo ele faça um excelente jogo. Também nunca ouvi ninguém dizer que uma guerra se tenha ganho sem uma estratégia e um plano de ação.
O sucesso é 90% de preparação e 10% de transpiração!
Uma boa preparação é meio caminho para uma boa convicção. Para quem quer colocar uma ideia em prática e precisa de a vender a outras pessoas, a boa preparação é fundamental para bater em menos portas e ser bem sucedido. Ter um Business plan, um bom orçamento financeiro, um Plano de marketing bem estruturado ou um processo de venda bem organizado e sistematizado são ferramentas que aportam valor ao negócio e a quem o tiver que gerir, pois serão ferramentas que servirão como bússolas orientadoras para saber se estamos longe ou perto do nosso sonho. Existe outra regra fundamental para quem quer pôr uma ideia em prática e essa regra é tão simplista ou desafiante como a definição de empreendedor. Chama-se “Medir para Vencer”. Se não medirmos o caminho nunca vamos saber se lá chegamos.
Vou dar-lhe um exemplo. Imagine que quer realizar um sonho de criança e ir à lua. Se não souber o dia e a hora que lá quer estar, vai ser complicado fazer um plano credível e executável, pois de acordo com esse dia vários planos vão ter que se desenvolver de forma diferente. Estou a lembrar-me que a duração da viagem vai ser importante para definir os combustíveis que vão ser consumidos, os mantimentos que terá que levar, a hora da partida, as previsões meteorológicas e o orçamento financeiro necessário bem como os patrocínios necessários entre um conjunto muito alargado de preparação para alcançar o seu destino.

3º Passo: Ação

Este é o mais desafiante e importante passo e faz-me lembrar uma citação que um querido amigo partilhou comigo nas ótimas conversas que tivemos: “Visão sem ação é pura Frustração e Ação sem visão pura depressão”
Não podia concordar mais com esta citação.
Ter a Capacidade de empreender é entrar em ação.
Os planos existem com o objectivo de se pôr em prática. Se juntarmos as 8 forças do primeiro passo aos planos e sistemas do segundo passo eles devem ser suficientes para que a ação aconteça e tenha sucesso. Se o Sonho não excita temos que encontrar outro sonho, pois se a ação não existe é porque as forças não estão bem trabalhadas ou esclarecidas. É apenas na ação que se tem a capacidade de aprender e de perceber se o plano está bem feito. Se o plano não estiver bem feito, o que acontece em 90% dos casos, deve ser revisto para que possa ter um final feliz, a verdade é que nunca iremos saber se não entrarmos em ação.
É provável que os desafios, neste passo, passem a ser outros ou que mudem de importância ou até que os desafios (algumas pessoas chamam-lhe problemas) passem a ser oportunidades, mas mais uma vez só temos essa consciência quando partimos para a prática da coisa e é aqui que percebemos que a teoria na prática é mesmo outra coisa.
É também neste passo que começamos a ter as melhores emoções pois cada conquista é uma realização pessoal profunda, afinal de contas, nós começamos a sentir que realmente estamos a caminho daquilo que realmente desejamos.

Existem neste passo alguns pilares fundamentais para conseguir continuar na ação:
1º Pilar: Determinação – Não importa que outros digam que não é possível, pois eles não sabem o grande “porquê” de estarmos em ação. Afinal de contas queremos ou não lá chegar? Se queremos ninguém nos pode impedir.
2º Pilar : Respeito – temos que respeitar os nossos sonhos bem como o dos outros, se por um lado queremos ser respeitados por querer caminhar no nosso caminho, teremos que respeitar os outros que nem têm a consciência que queremos tanto lá chegar. Se os outros não concordam com o nosso caminho têm direito a não o fazer.
3º Pilar: Persistência – Não é por errar que vamos desistir, pois um erro é apenas mais um forma de não chegar lá, mas existem mais milhares de outras que ainda faltam testar.
4º Pilar: Correntes Positivas – Temos que identificar quem nos está ou pode ajudar e fomentar o convívio com esses elementos. Podem existir outros factores que são e serão sempre influências positivas para o nosso caminho e devem estar potenciadas a nos ajudar e orientar.
5º Pilar: Humildade – Saber que não se sabe é o primeiro passo para saber que se sabe. É fundamental por isso que se tenha constantemente uma mente aberta e os ouvidos bem apurados para ouvir, nomeadamente as “correntes Positivas”,  o  que outros nos podem alertar, alinhar estratégias e a ação.  
6º Pilar Consciência – Ter a consciência que Roma e Pavia não se fizeram em um dia. Ter a consciência que é e vai ser sempre desafiante, que a segurança existe pouca e que a liberdade é a que se conseguir alcançar com muito esforço e realização pessoal.

Passo 3,5: Resultados

Os Resultados, como o próprio nome indica, são apenas um resultado daquilo que foram os 3 primeiros passos. Para ter resultados diferentes temos que agir de forma diferente e só agiremos de forma diferente se quisermos. Embora todos nos foquemos neste ultimo ponto, é importante ter a consciência que não vamos ter este enquanto não formos muito fortes nos 3 anteriores.
Este é apenas uma medição daquilo que teremos que fazer para alcançar novos resultados.

Parece-me no entanto importante concluir que não basta ter a consciência de fazer sempre os 3,5 passos para empreender mas sim faze-lo de forma equilibrada. Quero com isto dizer que se o fizermos de forma desequilibrada é bem provável que os resultados não sejam os desejados. Passo a explicar: Se uma pessoa tem uma ideia e passa para a ação sem fazer uma boa preparação é possível que tenha mais desafios em termos de controlo do projeto que quer pôr em prática, no entanto se a ideia for pouco explorada mas for bem preparada e bem acionada poderá sofrer consequências futuras pois poderá ficar com a sensação que nunca está preparado para o mercado e que necessita de mais ideias, por outro lado quem passa muito tempo com o desenvolvimento da ideia e faz uma boa preparação do projeto mas pouco tempo na ação é muito provável que desista muito rápido e por isso apenas sinta que não vale a pena pois a ideia não tem valor percepcionado.

Tenha a consciência de trabalhar bem os 3,5 passos com equilíbrio e vai ver que se arrisca a ser bem sucedido.

Até lá, seja feliz sff :-)

Pedro Malaca